Autarcas lançam pedido de “SOS” aos Governos de Portugal e Espanha para flexibilizar passagem de trabalhadores transfronteiriços
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A alteração da atividade laboral para os trabalhadores transfronteiriços, ao nível de distância, tempo e custos pelo fecho de fronteiras, representa 45% dos 250 testemunhos na primeira pessoa, recolhidos em apenas quatro dias através de um questionário publicado no facebook da Eurocidade Cerveira-Tomiño. Trata-se de mais uma ação encetada pelas provedoras transfronteiriças da Eurocidade Cerveira-Tomiño, com o intuito de avaliar e compilar o impacto casuístico de mais de dois meses do fecho de fronteiras, provocado pela crise sanitária da COVID-19.
Em mais de 30 anos, nunca a vida quotidiana dos habitantes do território transfronteiriço galego-português foi tão prejudicada como nestes últimos meses, com uma redução para metade de toda a sua dinâmica económico-social. Esta realidade é corroborada com a partilha de mais de duas centenas de histórias/experiências vividas por cidadãos de ambas as margens do rio Minho, em resposta a um desafio lançado pela Provedoria da Eurocidade Cerveira-Tomiño, entre 28 e 31 de maio.
Principais prejuízos
Entre os principais prejuízos referidos destaca-se a alteração da atividade laboral para os trabalhadores transfronteiriços desta raia minhota que, devido à limitação a um único ponto de passagem na fronteira de Valença e Tui, vêem-se obrigados a fazer centenas de quilómetros diariamente, mais horas na estrada e aumento de custos para proceder às deslocações necessárias para chegar ao posto de trabalho. Há ainda a referência para o facto de não perceberem porque é que a Ponte Internacional da Amizade Cerveira-Tomiño não poderá constituir-se como mais um ponto de passagem, agilizando toda pressão gerada.
De seguida, há várias histórias partilhadas (25%) que evocam a impossibilidade de utilização de serviços de caráter essencial, nomeadamente de cariz educativo (escolas) ou de saúde pública (consultas médicas e veterinárias), e a indisponibilidade de usufruição de serviços ou equipamentos de âmbito desportivo, comercial ou cultural acessíveis do outro lado do rio Minho.
Ainda, 17% dos relatos abordam os efeitos económicos negativos, quer pela limitação das relações laborais e comerciais, com uma redução até 70% de clientes, perda de empregos ou dificuldade de fornecimento de materiais para determinados negócios, como pelos custos extraordinários derivados do distanciamento até ao único ponto aberto ou pela necessidade de alugar residências provisionais. Não obstante, também há cidadãos transfronteiriços com graves dificuldades para manter relações e cuidados familiares (famílias separadas, idosos sem a retaguarda familiar, entre outras).
Objectivo
O objetivo é que os resultados destes inquéritos, aliados a outros documentos de análise como o Estudo do Impacto Socioeconómico da Pandemia da COVID-19 no Território do Rio Minho Transfronteiriço, realizado pola Universidade de Vigo para o AECT Rio Minho e a Deputación de Pontevedra, possam ser considerados pelas autoridades locais, regionais, estatais e europeias para diminuir com caráter imediato estes prejuízos, promover medidas de apoio e recuperação específicas para o território, e adotar mecanismos de funcionamento singular para as Eurocidades que evitem no futuro situações prejudiciais como as vividas nesta crise.