Apresentada pelos autarcas de Cerveira e de Tomiño, Fernando Nogueira e Sandra González, a primeira das conferências, “Acessibilidade Universal; acessibilidade para todas as pessoas”, teve como objetivo proporcionar a reflexão e o debate em torno da accesibilidade, estando a cargo de Jacinto Lareo, professor da Universidade de Vigo e presidente da Fundación Sálvora, e de Maria José Santos, mestre de educação especial.
Os intervenientes asseguraram que estas ações transfronteiriças, pioneiras em Espanha e Portugal, implicam um trabalho conjunto do setor público e privado, sejam as administrações, as universidades, o urbanismo e as pessoas com e sem incapacidade. Recomendaram vontade e sentido comum para ir fazendo pequenos avanços, nem sempre com custos a nível económico. “Deveríamos pensar na accesibilidade num conceito normal; prevenir, e não ter que atuar só quando surge um problema” sublinhou María José Santos. Além do mais, referiu-se a importância de avançar na “leitura rápida”, criando materiais adaptados para crianças e pessoas adultas, nomeadamente pictogramas que permitam uma interpretação mais rápida e fácil de lugares e serviços; redes de trabalho, etc. Por usa vez, Jacinto Lareo distinguiu entre espaços adaptados, praticáveis e convertíveis.
A segunda e última conferência esteve a cargo da reconhecida engenheira lusa especializada em urbanismo e accesibilidade, Paula Teles, autora do livro “Cidades sem Fronteiras, Cidades sem Barreiras – Como Desenhar Territórios Acessíveis”, um trabalho no qual aborda o tema da Rede de Cidades e Vilas de Excelência. A expert salientou a importância de trabalhar interdisciplinarmente num tema tão importante como a accesibilidade. “Temos que trabalhar para criar cidades para pessoas diferentes; já que todos temos direito a viver com dignidade e liberdade; por isso os profissionais que desenham hoje edifícios e espaços públicos, têm uma grande responsabilidade”, assinalou.
Teles comentou que Portugal estava, em termos gerais, mais atrasado que Espanha mas, nos últimos 20 anos, trabalhou-se intensamente, de modo que na atualidade o Estado dedica mais de 17 milhões de euros só para o estudo e a investigação sobre o tema. Referiu-se também ao “Programa Rampa”, no que estão integrados 120 dos 308 municípios portugueses.
Seguidamente decorreram dois workshops: “Deficiência Visual e Atenção” e “Ponte no meu Lugar”, com a colaboração de várias associações de pessoas com incapacidade, que incluiu um passeio em cadeiras de rodas pelas ruas do centro de Tomiño, e no qual participaram pessoas com e sem incapacidade.
O programa encerra amanhã, 5 de setembro, com uma atividade desportiva inclusiva de Remo e Slalom, no Club de Remo de Vila Nova de Cerveira, às 10h00 (hora portuguesa).